Entre em contato

NATO

Um forte apelo à acção coordenada contra as economias ilícitas na Europa

Compartilhar:

Publicado

on

Usamos sua inscrição para fornecer conteúdo de maneiras que você consentiu e para melhorar nossa compreensão de você. Você pode cancelar a inscrição a qualquer momento.

A estabilidade econômica e a segurança pública da Europa estão cada vez mais ameaçadas pelas chamadas "ameaças mistas" — combinações complexas de crime organizado, terrorismo, ataques cibernéticos e comércio ilícito. Uma mesa redonda de alto nível, realizada em Bruxelas na quarta-feira, investigou como a OTAN, a União Europeia e a indústria podem colaborar para avaliar essas ameaças e coordenar uma resposta conjunta. Como exemplo de economia híbrida, o debate também se concentrou em um relatório da KPMG sobre o comércio ilícito de tabaco no contexto de ameaças mais amplas.

O relatório indica que o aumento do consumo ilícito de cigarros na Europa foi impulsionado principalmente pela França e pelos Países Baixos. O estudo aponta para uma situação especialmente alarmante na França, onde 18.7 bilhões de cigarros ilícitos foram consumidos em 2024, dos quais quase 7.8 bilhões eram falsificados. Nos Países Baixos, o volume de cigarros ilícitos aumentou drasticamente, em 1.1 bilhão — mais que o dobro em um ano —, atingindo 17.9% do consumo total. Se esses cigarros tivessem sido adquiridos legalmente, € 9.4 bilhões adicionais teriam sido arrecadados em impostos na França e quase € 900 milhões nos Países Baixos.

Compreendendo ameaças combinadas

Ameaças combinadas são híbridas por natureza, impulsionadas por atores estatais e não estatais, e exploram vulnerabilidades físicas e digitais. Essas ameaças incluem invasões cibernéticas, tráfico de pessoas, produtos falsificados e campanhas de subversão, frequentemente vinculadas a redes globais de crime organizado.

Alexander Politi, diretor da Fundação da Faculdade de Defesa da OTAN, abriu o debate alertando: “Essas ameaças, sejam elas da China, do México ou de dentro de nossas fronteiras, não são mais isoladas. Só em 2021, mais de 100,000 mortes foram atribuídas a atividades criminosas ligadas a ameaças combinadas, o equivalente a 20% da força ativa do Exército dos EUA. Se não for enfrentado, esse número pode chegar a meio milhão em duas décadas.”

Politi enfatizou que a própria estrutura da segurança interna e externa da Europa está agora interligada, exigindo uma estratégia abrangente e multiagências.

Comércio ilícito como estudo de caso

O painel destacou o comércio ilícito de tabaco como um exemplo claro de uma economia paralela que alimenta operações criminosas mais amplas. Com base em dados de um relatório da KPMG, o debate destacou como os mercados ilegais de cigarros prejudicam as receitas fiscais da UE e facilitam o crime organizado.

Anúncios

Contrabandistas de tabaco e vendedores do mercado negro estão usando cada vez mais tecnologias como mídias sociais e drones para entregar cigarros a fumantes na Europa e evitar as autoridades, segundo o relatório publicado na quarta-feira.

Howard Pugh, consultor anticomércio ilícito e antigo especialista sénior da Europol, detalhou o problema: “Existem três tipos principais de fraude:

Produção ilícita—onde grupos criminosos operam fábricas escondidas de cigarros;
Brancos baratos—cigarros produzidos legalmente e contrabandeados através das fronteiras para sonegar impostos;
Abuso de impostos especiais de consumo—criminosos sequestram esquemas legítimos para evitar pagar impostos.

“Esses métodos representam uma economia criminosa em larga escala que enfraquece o Estado de Direito.”

Christos Harpantidis e Howard Pugh

Christos Harpantidis, vice-presidente sênior de relações externas da Philip Morris International, acrescentou: “O comércio ilícito não só prejudica as finanças públicas, como também enfraquece as iniciativas de saúde pública. Ele prejudica negócios legítimos, impede a criação de empregos e inunda as ruas europeias com produtos não regulamentados, tornando mais difícil alcançar um futuro sem fumo.” “O comércio ilícito de tabaco ameaça a economia europeia, a saúde pública, a segurança e a estabilidade social; hoje, mercados com impostos e preços mais altos, como França e Holanda, são especialmente afetados por produtos importados ilegalmente e falsificados. Seu enorme impacto socioeconômico afeta negativamente a arrecadação de impostos, a criação de empregos e os negócios legítimos, o motor das nossas economias europeias. A disponibilidade de cigarros baratos e não regulamentados na economia subterrânea também prejudica os esforços para reduzir as taxas de tabagismo e alcançar um futuro sem fumo.”

Ucrânia e o desafio da reconstrução

Adicionar uma dimensão crítica à conversa foi Oksana Shvets, Diretora Adjunta de Políticas para Integração Europeia, AmCham Ucrânia. Ela destacou o duplo desafio de reconstruir regiões devastadas pela guerra e, ao mesmo tempo, defender-se contra ameaças híbridas.

Estamos há 1180 dias nesta guerra brutal. A economia da Ucrânia precisa sobreviver não apenas a bombas, mas também a ataques cibernéticos, tráfico ilícito e corrupção. A reconstrução não basta — precisamos garantir o que reconstruímos.

Ela enfatizou que a recuperação bem-sucedida depende de parcerias público-privadas e colaboração profunda OTAN-UE-Ucrânia para evitar que ameaças híbridas prejudiquem os esforços de recuperação.

Um apelo à acção coordenada

A mesa redonda concluiu que ameaças combinadas expõem a infraestrutura física e digital da Europa a ataques convergentes. Os participantes concordaram que uma estratégia clara e intersetorial é urgentemente necessária, combinando compartilhamento de inteligência, operações conjuntas e ação regulatória direcionada nas estruturas da OTAN e da UE. A Europa não pode mais se dar ao luxo de tratar esses riscos isoladamente. À medida que as táticas cibernéticas e criminosas evoluem, as respostas políticas também devem evoluir.

Direitos autorais da imagem: C) Erwin Hodister

Compartilhe este artigo:

O EU Reporter publica artigos de diversas fontes externas que expressam uma ampla gama de pontos de vista. As posições assumidas nestes artigos não são necessariamente as do EU Reporter. Consulte o artigo completo do EU Reporter. Termos e Condições de Publicação Para mais informações, o EU Reporter adota a inteligência artificial como ferramenta para aprimorar a qualidade, a eficiência e a acessibilidade jornalística, mantendo rigorosa supervisão editorial humana, padrões éticos e transparência em todo o conteúdo assistido por IA. Consulte o relatório completo do EU Reporter. Política de IA para entender melhor.

Tendência